segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Qual a mensagem de Deus no livro de Jonas sobre vocação?

Alzineide Pereira de Sousa, ffdp


Encerrando o mês da Bíblia, cujo livro proposto para estudo pela CNBB é o do profeta Jonas, alguns questionamentos ficam em evidência, ao considerar-se Bíblia e Vocação: O que um profeta que responde ao chamado de Deus fugindo (Jn 1,3), que dorme quando todos estão rezando para não perecerem (Jn 15c), que prefere a morte a ter de cumprir a missão que Deus lhe pede (Jn 1,12) e a reconhecer Sua infinita bondade (Jn 4,3.8c), pode ensinar sobre vocação?

Num primeiro momento, parece ser até a história de um “anti-vocacionado”, mas, lendo com mais atenção, a mensagem do livro de Jonas é profunda e revela o amor imenso e gratuito de Deus.

Situando a história

            O livro de Jonas não narra um fato real, é uma novela bíblica, ou seja, conta uma história com elementos acessíveis ao leitor para que ele reflita sobre sua realidade, assim como as parábolas contadas por Jesus.

            Foi escrito após a exílio babilônico (por volta do século IV a.C.) e, ao contrário dos escritos da época - por exemplo, Esdras e Neemias - traz a mensagem de que Deus é o Senhor de todos os povos, não somente do povo judeu.

            É um livro de apenas quatro capítulos e, por sua linguagem simples e seu estilo, muito fácil de ser lido.

A mensagem do livro

            Muito mais forte que a imagem do profeta desobediente, transparece a face misericordiosa de Deus, que ama e acolhe a todos os seus filhos e filhas.

            Jonas se mostra um profeta bem singular, foge da missão, dorme na aflição, irrita-se com a misericórdia de Deus, em sua fuga, porém, encontra pessoas verdadeiramente piedosas e reconhece a grandeza divina (Jn 2,10-11), convertendo-se, volta a caminhar na vontade do Senhor (Jn 3,3) e proferindo a palavra que lhe foi dirigida aos habitantes de Nínive, sua mensagem é levada à crédito: o povo se converte e Deus não os castiga.

            O profeta se irrita ironicamente, pois Deus é “rico em amor” (Jn 4,2) e deseja a morte egoisticamente. Com a figura da mamoneira, o Senhor lhe mostra que Ele sempre vem em socorro de todos que lhe suplicam.

E vocação? Tem alguma relação com essa história?

            Vocação é o chamado feito por Deus em vista a uma missão. A Bíblia está repleta desses chamados: Moisés, Miriam, Jeremias, Ana, Maria, Paulo, Lídia, etc.

            Jonas ouviu o chamado do Senhor, mas não quis comprometer-se e fugiu, talvez imaginando que a missão seria impossível: como ir à “grande cidade” repleta de infiéis e pedir a conversão de todos?

            O(a) vocacionado(a) pode sentir-se como Jonas e ver o chamado como algo grandioso demais, pois vindo do próprio Deus; e a missão, humanamente impossível de ser praticada.

            Deus quer se revelar a todos(as) (Jn 1,8). A resposta sincera do(a) vocacionado(a) só pode ser dada no encontro mais íntimo e pessoal com Deus (Jn 2,2-11), que o(a)  faz assumir a vocação e lhe dá condições de viver a missão (Jn 3,3-4).

            E quando o(a) vocacionado(a) desvia-se do caminho, da vontade de Deus, o próprio Senhor vem a seu encontro e o cobre de carinho (Jn 4,6; Lc 15,11-32).

            O chamado de Deus é sempre um apelo à vida: da pessoa chamada, da vocação e da missão, precisa ser bem cultivado para ser perene, como Seu Doador e não perecível e sem raiz como a mamoneira.

            O livro de Jonas mostra que Deus é misericordioso e gratuito e seu apelo é para que cada filha e filho Seus também o sejam.


Se desejar aprofundar-se mais sobre o livro de Jonas,
acesse: http://www.cbiblicoverbo.com.br/

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Vídeo vocacional

A presença escondida e serena de São José nos encoraja a persistência na luta pelo reino da justiça. Ele soube viver o amor, doação, comunhão e trindade. Que possamos viver o exemplo de São José e Maria e darmos o nosso sim para o seguimento de Jesus Cristo.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

"Santa Clara de Assis", catequese do Papa

Caros irmãos e irmãs,
uma das santas mais amadas é, sem dúvida, Santa Clara de Assis, que viveu no século XIII, contemporânea de São Francisco. Seu testemunho mostra-nos o quanto a Igreja deve a mulheres corajosas e ricas na fé como ela, capazes de dar um impulso decisivo para a renovação da Igreja.

Quem foi então Clara de Assis? Para responder a esta pergunta, temos fontes seguras, não apenas as antigas biografias, como a de Tomás de Celano, mas também os autos do processo de canonização promovido Papa já pouco depois da morte de Clara e que contêm o testemunho dos que viveram ao seu lado por muito tempo.

Nascida em 1193, Clara pertencia a uma família aristocrática e rica. Renunciou à nobreza e à riqueza para viver pobre e humilde, adotando a forma de vida que Francisco de Assis propunha. Apesar de seus pais planejarem um casamento com algum personagem de relevo, Clara, aos 18 anos, com um gesto audaz, inspirado pelo profundo desejo de seguir a Cristo e pela admiração por Francisco, deixou a casa paterna e, em companhia de uma amiga sua, Bona di Guelfuccio, uniu-se secretamente aos frades menores junto da pequena igreja da Porciúncula. Era a tarde de Domingo de Ramos de 1211. Na comoção geral, realizou-se um gesto altamente simbólico: enquanto seus companheiros tinham nas mãos tochas acesas, Francisco cortou-lhe os cabelos e Clara vestiu o hábito penitencial. A partir daquele momento, tornava-se virgem esposa de Cristo, humilde e pobre, e a Ele totalmente se consagrava. Como Clara e suas companheiras, inumeráveis mulheres no curso da história ficaram fascinadas pelo amor de Cristo que, na beleza de sua Divina Pessoa, preencheu seus corações. E a Igreja toda, através da mística vocação nupcial das virgens consagradas,  demonstra aquilo que será para sempre: a Esposa bela e pura de Cristo.

Em uma das quatro cartas que Clara enviou a Santa Inês de Praga, filha do rei da Bohemia, que queria seguir seus passos, ela fala de Cristo, seu amado esposo, com expressões nupciais, que podem surpreender, mas que comovem: "Amando-o, és casta, tocando-o, serás mais pura, deixando-se possuir por ele, és virgem. Seu poder é mais forte, sua generosidade, mais elevada, seu aspecto, mais belo, o amor mais suave e toda graça. Agora tu estás acolhida em seu abraço, que ornou teu peito com pedras preciosas... e te coroou com uma coroa de ouro gravada com o selo da santidade" (Lettera prima: FF, 2862).

Sobretudo no início de sua experiência religiosa, Clara teve em Francisco de Assis não só um mestre a quem seguir os ensinamentos, mas também um amigo fraterno. A amizade entre estes dois santos constitui um aspecto muito belo e importante. Efetivamente, quando duas almas puras e inflamadas do mesmo amor por Deus se encontram, há na amizade recíproca um forte estímulo para percorrer o caminho da perfeição. A amizade é um dos sentimentos humanos mais nobres e elevados que a Graça divina purifica e transfigura. Como São Francisco e Santa Clara, outros santos vivenciaram uma profunda amizade no caminho para a perfeição cristã, como São Francisco de Sales e Santa Giovanna de Chantal. O próprio São Francisco de Sales escreve: “é belo poder amar na terra como se ama no céu, e aprender a amar-nos neste mundo como faremos eternamente no outro. Não falo aqui de simples amor de caridade, porque este devemos tê-lo todos os homens; falo do amor espiritual, no âmbito do qual, duas, três, quatro ou mais pessoas compartilham devoção, afeto espiritual e tornam-se realmente um só espírito” (Introduzione alla vita devota III, 19).
Após ter transcorrido um período de alguns meses em outras comunidades monásticas, resistindo às pressões de seus familiares que no início não aprovavam sua escolha, Clara se estabeleceu com suas primeiras companheiras na igreja de São Damião, onde os frades menores tinham preparado um pequeno convento para elas. Nesse mosteiro, viveu durante mais de quarenta anos, até sua morte, ocorrida em 1253. Chegou-nos uma descrição de primeira mão de como estas mulheres viviam naqueles anos, nos inícios do movimento franciscano. Trata-se do informe cheio de admiração de um bispo flamengo em visita à Itália, Santiago de Vitry, que afirma ter encontrado um grande número de homens e mulheres, de toda classe social, que, “deixando tudo por Cristo, escapavam ao mundo. Chamavam-se frades menores e irmãs menores e são tidos em grande consideração pelo senhor Papa e pelos cardeais... As mulheres... moram juntas em diferentes abrigos não distantes das cidades. Não recebem nada; vivem do trabalho de suas mãos. E lhes dói e preocupa profundamente que sejam honradas mais do que gostariam, por clérigos e leigos” (Carta de outubro de 1216: FF, 2205.2207).

Santiago de Vitry tinha captado com perspicácia um traço característico da espiritualidade franciscana, a que Clara foi muito sensível: a radicalidade da pobreza associada à confiança total na Providência divina. Por este motivo, ela atuou com grande determinação, obtendo do Papa Gregório IX ou, provavelmente, já do Papa Inocêncio III, o chamado Privilegium Paupertatis (cfr FF, 3279). Em base a este, Clara e suas companheiras de São Damião não podiam possuir nenhuma propriedade material. Tratava-se de uma exceção verdadeiramente extraordinária em relação ao direito canônico vigente, e as autoridades eclesiásticas daquele tempo o concederam apreciando os frutos de santidade evangélica que reconheciam na forma de viver de Clara e de suas irmãs. Isso demonstra também que nos séculos medievais, o papel das mulheres não era secundário, mas considerável. A propósito disso, é oportuno recordar que Clara foi a primeira mulher da história da Igreja que compôs uma Regra escrita, submetida à aprovação do Papa, para que o carisma de Francisco de Assis se conservasse em todas as comunidades femininas que iam se estabelecendo em grande número já em seus tempos, e que desejavam se inspirar no exemplo de Francisco e Clara.

No convento de São Damião, Clara praticou de modo heróico as virtudes que deveriam distinguir cada cristão: a humildade, o espírito de piedade e de penitência, a caridade. Ainda sendo a superiora, ela queria servir em primeira pessoa as irmãs enfermas, submetendo-se também a tarefas muito humildes: a caridade, de fato, supera toda resistência e quem ama realiza todo sacrifício com alegria. Sua fé na presença real da Eucaristia era tão grande que em duas ocasiões se comprovou um fato prodigioso. Só com a ostensão do Santíssimo Sacramento, afastou os soldados mercenários sarracenos, que estavam a ponto de agredir o convento de São Damião e de devastar a cidade de Assis.

Também esse episódio, como outros milagres, dos quais se conservava memorial, levaram o Papa Alexandre IV a canonizá-la só dois anos depois de sua morte, em 1255, traçando um elogio a ela na Bula de canonização, onde lemos: “Quão vívida é a força desta luz e quão forte é a claridade desta fonte luminosa. Na verdade, esta luz estava fechada no esconderijo da vida de clausura, e fora irradiava esplendores luminosos; recolhia-se em um pequeno monastério, e fora se expandia por todo vasto mundo. Guardava-se dentro e se difundia fora. Clara, de fato, se escondia; mas sua vida se revelava a todos. Clara calava, mas sua fama gritava” (FF, 3284). E é precisamente assim, queridos amigos: são os santos que mudam o mundo para melhor, transformam-no de forma duradoura, injetando-lhe as energias que só o amor inspirado pelo Evangelho pode suscitar. Os santos são os grandes benfeitores da humanidade!

A espiritualidade de Santa Clara, a síntese de sua proposta de santidade está recolhida na quarta carta a Santa Inês de Praga. Santa Clara utiliza uma imagem muito difundida na Idade Média, de ascendências patrísticas, o espelho. E convida sua amiga de Praga a se olhar no espelho da perfeição de toda virtude, que é o próprio Senhor. Escreve: “feliz certamente aquela a quem se lhe concede gozar desta sagrada união, para aderir com o profundo do coração [a Cristo], àquele cuja beleza admiram incessantemente todas as beatas multidões dos céus, cujo afeto apaixona, cuja contemplação restaura, cuja benignidade sacia, cuja suavidade preenche, cuja recordação resplandece suavemente, a cujo perfume os mortos voltarão à vida e cuja visão gloriosa fará bem-aventurados todos os cidadãos da Jerusalém celeste. E dado que ele é esplendor da glória, candura da luz eterna e espelho sem mancha, olhe cada dia para este espelho, ó rainha esposa de Jesus Cristo, e perscruta nele continuamente teu rosto, para que possas te adornar assim toda por dentro e por fora... neste espelho resplandecem a bem-aventurada pobreza, a santa humildade e a inefável caridade” (Quarta carta: FF, 2901-2903).

Agradecidos a Deus que nos dá os santos, que falam ao nosso coração e nos oferecem um exemplo de vida cristã a imitar, gostaria de concluir com as mesmas palavras de benção que Santa Clara compôs para suas irmãs e que ainda hoje as Clarissas, que desempenham um precioso papel na Igreja com sua oração e com sua obra, custodiam com grande devoção. São expressões das que surge toda a ternura de sua maternidade espiritual: “Bendigo-vos em minha vida e depois de minha morte, como posso e mais de quanto posso, com todas as bênçãos com as que o Pai de misericóridas abençoa e abençoará no céu e na terra seus filhos e filhas, e com as quais um pai e uma mãe espiritual abençoa e abençoará seus filhos e filhas espirituais. Amém” (FF, 2856).

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Carta aos Jovens

A Conferência dos Religiosos e Religiosas de São Paulo (CRB), reuniu-se no 1º Encontro Estadual das Congregações que trabalham com as Juventudes, nos dias 27 a 29 de agosto de 2010, no intuito de refletir e discernir nossa aproximação com as juventudes, queremos dialogar com vocês os nossos anseios, buscas, desejos e sonhos. Queremos afirmar que acreditamos no potencial e no protagonismo que são fontes de transformação próprias do ser jovem.

Por outro lado, constata-se, “segundo dados divulgados pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Observatórios de Favelas e Unicef, morrem por dia, em média, 54 jovens vítimas de homicídio no Brasil e mais de 33,5 mil jovens de 12 a 18 anos estão marcados para morrer violentamente no período empreendido entre 2006 e 2012, caso os índices de violência no Brasil não se reduzam nos próximos anos”.

Por isso, nós, Religiosos e Religiosas queremos caminhar com vocês que estão interligados, plugados, navegando nos meios de comunicação e percebendo a realidade brasileira em que a cada dia, se vê o desprezo pela vida, para somar forças com as juventudes e denunciar as formas de violências e de exclusão.

Com vocês queremos sonhar e gritar que um outro mundo é possível, onde a geração jovem possa sentir sua música no ar, seus sonhos concretizados, onde sejam protagonistas de sua própria história. Na cultura de hoje, o sistema neoliberalista impõe o “valor” do ter e do poder sobre o ser. Que possamos escrever na história que sonhar é ousar, é aprender e é dizer basta, pois “A juventude quer viver”!

Estamos com vocês!

“Se a juventude viesse a faltar o rosto de Deus iria mudar”.

Jorge Trevisol



Religiosos e Religiosas de São Paulo

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Presidente da CNBB preside última missa no Congresso Vocacional

O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e arcebispo de Mariana (MG), dom Geraldo Lyrio Rocha, deixou uma mensagem de otimismo e esperança para os participantes do 3º Congresso Vocacional, que termina ao meio dia de hoje, em Itaici, município de Indaiatuba (SP). Ele presidiu a última missa do encontro, que reuniu 385 animadores vocacionais.

“Este evento possibilitou celebrar a caminhada do serviço de animação vocacional, aprofundar a teologia das vocações, consolidar a identidade do(a) animador(a) e fortalecer o serviço de animação vocacional no Brasil”, disse o presidente da CNBB.

Dom Geraldo lembrou o evangelho lido na celebração que narrou a escolha dos apóstolos feita por Jesus. “A vocação dos apóstolos, como toda vocação tem sua raiz no encontro com Jesus Cristo que, no mistério da Páscoa e do Pentecostes os transforma em fiéis discípulos e ardorosos missionários”, recordou.

O arcebispo recorreu ao Documento da Conferência de Aparecida, realizada em Aparecida (SP) há três anos, para descrever a Pastoral Vocacional. “No que se refere à formação dos discípulos e missionários de Cristo ocupa um lugar particular a pastoral vocacional, que acompanha cuidadosamente todos os que o Senhor chama a servir à Igreja no sacerdócio, na vida consagrada ou no estado laical”.

Leia a íntegra da homilia do Presidente da CNBB:
DISCÍPULOS MISSIONÁRIOS A SERVIÇO DAS VOCAÇÕES
“Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações”

Estamos chegando ao final do III Congresso Vocacional do Brasil, que aprofundou o tema: “Discípulos-missionários a serviço das vocações”, e o lema: “Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações”. Este evento possibilitou celebrar a caminhada do serviço de animação vocacional, aprofundar a teologia das vocações, consolidar a identidade do(a) animador(a) e fortalecer o serviço de animação vocacional no Brasil.

Com muita propriedade, diz-nos o Documento de Aparecida: “No que se refere à formação dos discípulos e missionários de Cristo ocupa um lugar particular a pastoral vocacional, que acompanha cuidadosamente todos os que o Senhor chama a servir à Igreja no sacerdócio, na vida consagrada ou no estado laical. A pastoral vocacional que começa na família e continua na comunidade cristã, deve se dirigir às crianças e especialmente aos jovens para ajudá-los a descobrir o sentido da vida e o projeto que Deus tem para cada um, acompanhando-os em seu processo de discernimento.

A pastoral vocacional é fruto de uma sólida pastoral de conjunto, na paróquia e nas demais instituições eclesiais. “É necessário intensificar de diversas maneiras a oração pelas vocações, com as quais também se contribui para criar uma maior sensibilidade e receptividade diante do chamado do Senhor” (DAp 314).

O evangelho há pouco proclamado, parece escolhido especialmente para esta celebração na conclusão deste Congresso Vocacional. Entretanto, é a leitura prevista para a liturgia desta terça feira da XXIII semana do Tempo Comum. A escolha dos apóstolos é uma das mais importantes decisões tomadas por Jesus. O Evangelista Lucas diz que Jesus tomou tal decisão depois de passar a noite em oração, sobre o monte, em estreita comunhão com o Pai.

Jesus escolhe aqueles que ele amou, dá-lhes o nome de “apóstolos” e os envia como missionários para evangelizar o mundo inteiro: “Ide, pois, fazei discípulos entre todas as nações” (Mt 28,19). São Lucas observa que, depois que desceu com os apóstolos, Jesus parou na planície, onde havia grande multidão de toda a Judéia, de Jerusalém e do litoral de Tiro e Sidônia, portanto, judeus e pagãos, o que dá sentido de universalidade, tão caro a Lucas que via nisso a realidade da Igreja no mundo.

Muitos vieram até ali para ouvir Jesus e ser curados por ele, pois “uma força saía dele e curava a todos” (Lc 6,19).

O Documento de Aparecida ajuda-nos a aprofundar o sentido do discipulado-missionário: “O chamado que Jesus, o Mestre faz, implica numa grande novidade. Na antiguidade, os mestres convidavam seus discípulos a se vincular com algo transcendente e os mestres da Lei propunham a adesão à Lei de Moisés. Jesus convida a nos encontrar com Ele e a que nos vinculemos estreitamente a Ele porque é a fonte da vida (cf. Jo 15,1-5) e só Ele tem palavra de vida eterna (cf. Jo 6,68). Na convivência cotidiana com Jesus e na confrontação com os seguidores de outros mestres, os discípulos logo descobrem duas coisas originais no relacionamento com Jesus. Por um lado, não foram eles que escolheram seu mestre. Foi Cristo quem os escolheu. E por outro lado, eles não foram convocados para algo (purificar-se, aprender a Lei...), mas para Alguém, escolhidos para se vincular intimamente a sua pessoa (cf. Mc 1,17; 2,14). Jesus os escolheu para “que estivessem com Ele e para enviá-los a pregar” (Mc 3,14), para que o seguissem com a finalidade de “ser d’Ele” e fazer parte “dos seus” e participar de sua missão.

O discípulo experimenta que a vinculação íntima com Jesus no grupo dos seus é participação da Vida saída das entranhas do Pai, é se formar para viver seu estilo de vida, suas motivações, seu destino (cf. Lc 6,40b) e assumir sua missão de fazer novas todas as coisas” (DAp 131).

Jesus tem consciência de que está constituindo um novo Israel. Como os patriarcas das doze tribos de Israel, os apóstolos serão os fundamentos do novo povo de Deus: “Sentareis sobre doze tronos para julgar as doze tribos de Israel”.

A vocação dos apóstolos, como toda vocação tem sua raiz no encontro com Jesus Cristo que, no mistério da Páscoa e do Pentecostes os transforma em fiéis discípulos e ardorosos missionários. “O acontecimento de Cristo é o início desse sujeito novo que surge na história e a quem chamamos discípulo: Não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande idéia, mas através do encontro com um acontecimento, com uma Pessoa, que dá um novo horizonte à vida e, com isso, uma orientação decisiva. Isto é justamente o que, com apresentações diferentes, os evangelhos nos têm conservado como sendo o início do cristianismo: um encontro de fé com a pessoa de Jesus” (DAp 243).

Diz ainda a Conferência de Aparecida: “A Eucaristia é o lugar privilegiado do encontro do discípulo com Jesus Cristo. Com este Sacramento, Jesus nos atrai para si e nos faz entrar em seu dinamismo em relação a Deus e ao próximo. A Eucaristia, fonte inesgotável da vocação divina e lugar de encontro com Jesus Cristo ressuscitado na Igreja, é também fonte inextinguível do impulso missionário. Há um estreito vínculo entre as três dimensões da vocação cristã: crer, celebrar e viver o mistério de Jesus Cristo, de tal modo, que a existência cristã adquira verdadeiramente uma forma eucarística. Por isso, a vida do cristão se abre a uma dimensão missionária a partir do encontro eucarístico. Ali, o Espírito Santo fortalece a identidade do discípulo e desperta nele a decidida vontade de anunciar com audácia aos demais o que tem escutado e vivido” (DAp 250).

Neste Dia da Pátria, imploramos as bênçãos de Deus, por intercessão de Nossa Senhora Aparecida, para toda a Nação brasileira, a fim de que possamos viver na concórdia, na justiça, na paz e na verdadeira prosperidade.

AMÉM!

‘Geração Y’ deve ter atenção especial dos animadores vocacionais, diz assessor do Congresso Vocacional

O Serviço de Animação Vocacional (SAV), realizado pela Igreja Católica, deve dar uma atenção especial aos jovens que vivem no mundo das novas tecnologias da comunicação, adaptando sua linguagem e criando novos métodos. Esta é a opinião que o ex-secretário executivo do Departamento das Vocações e Ministérios do Conselho Episcopal Latino-americano (Celam), padre Gilson Maia, defendeu hoje, 6, na conferência que proferiu no 3º Congresso Vocacional do Brasil, em Itaici, município de Indaiatuba (SP).


“O Serviço de Animação Vocacional (SAV) deve oferecer uma atenção especial à ‘Geração Y’, caracterizada pelo uso de avançadas tecnologias de comunicação com novas formas de relações, valores e conceitos. O SAV deve adequar-se às novas linguagens, elaborar novos métodos e usar as modernas tecnologias em vida da evangelização vocacional das novas ‘tribos’’, disse padre Gilson.

O religioso insistiu que toda pessoa batizada deve ser um missionário e que o trabalho de animação vocacional não é exclusivo do SAV. “O serviço na messe não é tarefa exclusiva dos animadores do SAV/PV. A missão é um dom precioso do Senhor, levada adiante por todos os vocacionados e vocacionadas. Neste sentido torna-se fundamental estreitar vínculos e incrementar as relações com os serviços de evangelização presentes na Igreja”, disse.

“Todo discípulo tem DNA missionário. Um discípulo que não missionário, é falso discípulo. Ninguém é missionário sem antes a experiência do discipulado”, acrescentou o padre.

Padre Gilson apontou pelo menos três características que devem marcar o perfil do animador vocacional. A primeira delas é a espiritualidade. “A espiritualidade é a raiz que sustenta e fortalece todos na missão evangelizadora vocacional. A identidade eclesial do SAV/PV é garantida pela fé, fortalecida diariamente pela vida sacramental, testemunhada no meio do povo de Deus e partilhada com a comunidade eclesial”.

Segundo o religioso, a formação também deve caracterizar os que trabalham na animação vocacional. “A formação dos discípulos missionários deve ser integral e permanente”, esclarece padre Gilson.

Outro ponto que, de acordo com o padre, deve marcar a prática dos animadores vocacionais é o planejamento. “O SAV/PV exige articulação e organicidade para que a missão vocacional possa integrar as diferentes forças evangelizadoras presentes nas comunidades”. Para o religioso, juventude, escola, família, catequese devem merecer atenção especial no planejamento do SAV.