O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e arcebispo de Mariana (MG), dom Geraldo Lyrio Rocha, deixou uma mensagem de otimismo e esperança para os participantes do 3º Congresso Vocacional, que termina ao meio dia de hoje, em Itaici, município de Indaiatuba (SP). Ele presidiu a última missa do encontro, que reuniu 385 animadores vocacionais.
“Este evento possibilitou celebrar a caminhada do serviço de animação vocacional, aprofundar a teologia das vocações, consolidar a identidade do(a) animador(a) e fortalecer o serviço de animação vocacional no Brasil”, disse o presidente da CNBB.
Dom Geraldo lembrou o evangelho lido na celebração que narrou a escolha dos apóstolos feita por Jesus. “A vocação dos apóstolos, como toda vocação tem sua raiz no encontro com Jesus Cristo que, no mistério da Páscoa e do Pentecostes os transforma em fiéis discípulos e ardorosos missionários”, recordou.
O arcebispo recorreu ao Documento da Conferência de Aparecida, realizada em Aparecida (SP) há três anos, para descrever a Pastoral Vocacional. “No que se refere à formação dos discípulos e missionários de Cristo ocupa um lugar particular a pastoral vocacional, que acompanha cuidadosamente todos os que o Senhor chama a servir à Igreja no sacerdócio, na vida consagrada ou no estado laical”.
Leia a íntegra da homilia do Presidente da CNBB:
DISCÍPULOS MISSIONÁRIOS A SERVIÇO DAS VOCAÇÕES
“Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações”
Estamos chegando ao final do III Congresso Vocacional do Brasil, que aprofundou o tema: “Discípulos-missionários a serviço das vocações”, e o lema: “Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações”. Este evento possibilitou celebrar a caminhada do serviço de animação vocacional, aprofundar a teologia das vocações, consolidar a identidade do(a) animador(a) e fortalecer o serviço de animação vocacional no Brasil.
Com muita propriedade, diz-nos o Documento de Aparecida: “No que se refere à formação dos discípulos e missionários de Cristo ocupa um lugar particular a pastoral vocacional, que acompanha cuidadosamente todos os que o Senhor chama a servir à Igreja no sacerdócio, na vida consagrada ou no estado laical. A pastoral vocacional que começa na família e continua na comunidade cristã, deve se dirigir às crianças e especialmente aos jovens para ajudá-los a descobrir o sentido da vida e o projeto que Deus tem para cada um, acompanhando-os em seu processo de discernimento.
A pastoral vocacional é fruto de uma sólida pastoral de conjunto, na paróquia e nas demais instituições eclesiais. “É necessário intensificar de diversas maneiras a oração pelas vocações, com as quais também se contribui para criar uma maior sensibilidade e receptividade diante do chamado do Senhor” (DAp 314).
O evangelho há pouco proclamado, parece escolhido especialmente para esta celebração na conclusão deste Congresso Vocacional. Entretanto, é a leitura prevista para a liturgia desta terça feira da XXIII semana do Tempo Comum. A escolha dos apóstolos é uma das mais importantes decisões tomadas por Jesus. O Evangelista Lucas diz que Jesus tomou tal decisão depois de passar a noite em oração, sobre o monte, em estreita comunhão com o Pai.
Jesus escolhe aqueles que ele amou, dá-lhes o nome de “apóstolos” e os envia como missionários para evangelizar o mundo inteiro: “Ide, pois, fazei discípulos entre todas as nações” (Mt 28,19). São Lucas observa que, depois que desceu com os apóstolos, Jesus parou na planície, onde havia grande multidão de toda a Judéia, de Jerusalém e do litoral de Tiro e Sidônia, portanto, judeus e pagãos, o que dá sentido de universalidade, tão caro a Lucas que via nisso a realidade da Igreja no mundo.
Muitos vieram até ali para ouvir Jesus e ser curados por ele, pois “uma força saía dele e curava a todos” (Lc 6,19).
O Documento de Aparecida ajuda-nos a aprofundar o sentido do discipulado-missionário: “O chamado que Jesus, o Mestre faz, implica numa grande novidade. Na antiguidade, os mestres convidavam seus discípulos a se vincular com algo transcendente e os mestres da Lei propunham a adesão à Lei de Moisés. Jesus convida a nos encontrar com Ele e a que nos vinculemos estreitamente a Ele porque é a fonte da vida (cf. Jo 15,1-5) e só Ele tem palavra de vida eterna (cf. Jo 6,68). Na convivência cotidiana com Jesus e na confrontação com os seguidores de outros mestres, os discípulos logo descobrem duas coisas originais no relacionamento com Jesus. Por um lado, não foram eles que escolheram seu mestre. Foi Cristo quem os escolheu. E por outro lado, eles não foram convocados para algo (purificar-se, aprender a Lei...), mas para Alguém, escolhidos para se vincular intimamente a sua pessoa (cf. Mc 1,17; 2,14). Jesus os escolheu para “que estivessem com Ele e para enviá-los a pregar” (Mc 3,14), para que o seguissem com a finalidade de “ser d’Ele” e fazer parte “dos seus” e participar de sua missão.
O discípulo experimenta que a vinculação íntima com Jesus no grupo dos seus é participação da Vida saída das entranhas do Pai, é se formar para viver seu estilo de vida, suas motivações, seu destino (cf. Lc 6,40b) e assumir sua missão de fazer novas todas as coisas” (DAp 131).
Jesus tem consciência de que está constituindo um novo Israel. Como os patriarcas das doze tribos de Israel, os apóstolos serão os fundamentos do novo povo de Deus: “Sentareis sobre doze tronos para julgar as doze tribos de Israel”.
A vocação dos apóstolos, como toda vocação tem sua raiz no encontro com Jesus Cristo que, no mistério da Páscoa e do Pentecostes os transforma em fiéis discípulos e ardorosos missionários. “O acontecimento de Cristo é o início desse sujeito novo que surge na história e a quem chamamos discípulo: Não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande idéia, mas através do encontro com um acontecimento, com uma Pessoa, que dá um novo horizonte à vida e, com isso, uma orientação decisiva. Isto é justamente o que, com apresentações diferentes, os evangelhos nos têm conservado como sendo o início do cristianismo: um encontro de fé com a pessoa de Jesus” (DAp 243).
Diz ainda a Conferência de Aparecida: “A Eucaristia é o lugar privilegiado do encontro do discípulo com Jesus Cristo. Com este Sacramento, Jesus nos atrai para si e nos faz entrar em seu dinamismo em relação a Deus e ao próximo. A Eucaristia, fonte inesgotável da vocação divina e lugar de encontro com Jesus Cristo ressuscitado na Igreja, é também fonte inextinguível do impulso missionário. Há um estreito vínculo entre as três dimensões da vocação cristã: crer, celebrar e viver o mistério de Jesus Cristo, de tal modo, que a existência cristã adquira verdadeiramente uma forma eucarística. Por isso, a vida do cristão se abre a uma dimensão missionária a partir do encontro eucarístico. Ali, o Espírito Santo fortalece a identidade do discípulo e desperta nele a decidida vontade de anunciar com audácia aos demais o que tem escutado e vivido” (DAp 250).
Neste Dia da Pátria, imploramos as bênçãos de Deus, por intercessão de Nossa Senhora Aparecida, para toda a Nação brasileira, a fim de que possamos viver na concórdia, na justiça, na paz e na verdadeira prosperidade.
AMÉM!
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