segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Qual a mensagem de Deus no livro de Jonas sobre vocação?

Alzineide Pereira de Sousa, ffdp


Encerrando o mês da Bíblia, cujo livro proposto para estudo pela CNBB é o do profeta Jonas, alguns questionamentos ficam em evidência, ao considerar-se Bíblia e Vocação: O que um profeta que responde ao chamado de Deus fugindo (Jn 1,3), que dorme quando todos estão rezando para não perecerem (Jn 15c), que prefere a morte a ter de cumprir a missão que Deus lhe pede (Jn 1,12) e a reconhecer Sua infinita bondade (Jn 4,3.8c), pode ensinar sobre vocação?

Num primeiro momento, parece ser até a história de um “anti-vocacionado”, mas, lendo com mais atenção, a mensagem do livro de Jonas é profunda e revela o amor imenso e gratuito de Deus.

Situando a história

            O livro de Jonas não narra um fato real, é uma novela bíblica, ou seja, conta uma história com elementos acessíveis ao leitor para que ele reflita sobre sua realidade, assim como as parábolas contadas por Jesus.

            Foi escrito após a exílio babilônico (por volta do século IV a.C.) e, ao contrário dos escritos da época - por exemplo, Esdras e Neemias - traz a mensagem de que Deus é o Senhor de todos os povos, não somente do povo judeu.

            É um livro de apenas quatro capítulos e, por sua linguagem simples e seu estilo, muito fácil de ser lido.

A mensagem do livro

            Muito mais forte que a imagem do profeta desobediente, transparece a face misericordiosa de Deus, que ama e acolhe a todos os seus filhos e filhas.

            Jonas se mostra um profeta bem singular, foge da missão, dorme na aflição, irrita-se com a misericórdia de Deus, em sua fuga, porém, encontra pessoas verdadeiramente piedosas e reconhece a grandeza divina (Jn 2,10-11), convertendo-se, volta a caminhar na vontade do Senhor (Jn 3,3) e proferindo a palavra que lhe foi dirigida aos habitantes de Nínive, sua mensagem é levada à crédito: o povo se converte e Deus não os castiga.

            O profeta se irrita ironicamente, pois Deus é “rico em amor” (Jn 4,2) e deseja a morte egoisticamente. Com a figura da mamoneira, o Senhor lhe mostra que Ele sempre vem em socorro de todos que lhe suplicam.

E vocação? Tem alguma relação com essa história?

            Vocação é o chamado feito por Deus em vista a uma missão. A Bíblia está repleta desses chamados: Moisés, Miriam, Jeremias, Ana, Maria, Paulo, Lídia, etc.

            Jonas ouviu o chamado do Senhor, mas não quis comprometer-se e fugiu, talvez imaginando que a missão seria impossível: como ir à “grande cidade” repleta de infiéis e pedir a conversão de todos?

            O(a) vocacionado(a) pode sentir-se como Jonas e ver o chamado como algo grandioso demais, pois vindo do próprio Deus; e a missão, humanamente impossível de ser praticada.

            Deus quer se revelar a todos(as) (Jn 1,8). A resposta sincera do(a) vocacionado(a) só pode ser dada no encontro mais íntimo e pessoal com Deus (Jn 2,2-11), que o(a)  faz assumir a vocação e lhe dá condições de viver a missão (Jn 3,3-4).

            E quando o(a) vocacionado(a) desvia-se do caminho, da vontade de Deus, o próprio Senhor vem a seu encontro e o cobre de carinho (Jn 4,6; Lc 15,11-32).

            O chamado de Deus é sempre um apelo à vida: da pessoa chamada, da vocação e da missão, precisa ser bem cultivado para ser perene, como Seu Doador e não perecível e sem raiz como a mamoneira.

            O livro de Jonas mostra que Deus é misericordioso e gratuito e seu apelo é para que cada filha e filho Seus também o sejam.


Se desejar aprofundar-se mais sobre o livro de Jonas,
acesse: http://www.cbiblicoverbo.com.br/

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